sábado, 18 de fevereiro de 2017

Como devemos lidar com as questões não resolvidas sobre a Bíblia?






Como Deus é verdadeiro e honesto, podemos esperar que a sua autorrevelação escrita (nos manuscritos originais) seja verdadeira, em tudo o que afirma. Mas nem tudo nas Escrituras é perfeitamente claro. O apóstolo Pedro admitiu que os textos de Paulo são de difícil entendimento, em algumas passagens (2 Pe 3.15, 16). Além do material teológico sofisticado, existem a distância histórica e as diferenças culturais, entre o mundo bíblico e o nosso. O que era aparente para Israel e para a igreja primitiva pode parecer menos claro hoje em dia para nós. Mas falta de clareza não significa discrepância.

Alguns críticos citam inúmeras “contradições” que,na realidade, são solucionáveis, com o exame dos textos. Como a Bíblia é, ao mesmo tempo, uma obra de inspiração divina redigida por mãos humanas, podem esperar (1) que nela sejam expressos diferentes estilos de escrita e diferentes personalidades, e (2) o uso de registros ou documentos anteriores e materiais de autores externos à Bíblia (cf. Js 10.13; 1 e 2 Cr; Lc 1.1-4). Nós não devemos exigir que os autores bíblicos citem passagens do Antigo testamento literalmente; eles poderiam generalizar ou resumir, sem ser precisos (por exemplo, o que foi dito no batismo de Jesus; a confissão que Pedro fez de Jesus; os dizeres afixados sobre a cruz de Jesus).

Ao descobrir passagens mais desafiadoras, no entanto, como devemos proceder?



Esclarecer uma passagem, examinando o seu contexto ou usando passagens claras para examinar a que parece confusa. O contexto revela que “justificar” e “obras” em Tiago 2 significam algo diferente do que significam em Romanos 3. Além disto, o ensinamento das epístolas do Novo testamento pode nos ajudar a distinguir entre descrições históricas no livro de Atos e o que é normativo para a vida na igreja,

A ausência de evidência não é evidência de ausência. Os céticos podem mencionar cidades bíblicas que ainda não foram descobertas (embora muitas tenham sido!), concluindo que as Escrituras não são confiáveis. Mas acusações anteriores de ausência de evidência, a respeito dos camelos de Abraão, do povo heteu ou da dinastia de Davi foram revertidas por descobertas arqueológicas posteriores, que confirmam as Escrituras.


Ser caridosos com amor. Vejamos um exemplo. Provérbios 26.4, 5 aconselha a (1) não responder ao tolo segundo a sua estultícia, e, em seguida, (2) a responder a ele! A acusação dos céticos de “estupidez” ou “contradição” não é realista. Certamente devemos conceder o benefício da dúvida ao sábio compilador do livro de provérbios: ele reconheceu que, às vezes, responder a um tolo é apropriado e que, em outras ocasiões, o silêncio é a melhor escolha.
O que a Bíblia descreve frequentemente é diferente do que ela prescreve. Outro exemplo: quando as Escrituras mencionam o voto impensado de Jefté (Jz 11), esse voto não é endossado por Deus.


O autor pode estar usando uma estratégia literária, explicando um detalhe teológico em particular, ou apenas fazendo uma observação; a precisão jornalística nem sempre é a sua preocupação. Mateus 8 e 9 intencionalmente agrupam milagres, não cronologicamente. Mateus enfatiza a importância de Pedro, minimizando, deste modo, as suas tolices, mencionadas em outros Evangelhos.Os dois “grande luminares” de Gênesis 1, ou seja, o sol e a lua, são luzes relativamente pequenas, se comparadas a outros corpos conhecidos hoje no universo, mas a referência da Bíblia é observacional, e não científica (cf. “por do sol”, e não “a rotação da terra”).


Teremos que nos contentar por conviver com perguntas não respondidas. Embora haja muitos excelentes comentaristas e estudiosos evangélicos lidando com as perguntas e dúvidas que possamos ter, muitas coisas não serão totalmente esclarecidas. Agora vemos por espelhos em enigma.


Paul Copan


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário