segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O que a Bíblia diz sobre o Aborto?


Não é novidade o fato de se tirar intencionalmente a vida antes do nascimento. Embora seja recente a adoção de "direitos de aborto" como uma causa política progressiva nas sociedades ocidentais, o aborto tem sido praticado em todas as culturas, desde tempos antigos. Na verdade, uma das principais realizações da disseminação do evangelho no mundo greco-romano foi repelir essa prática, e o seu parente mais próximo, o infanticídio, às margens da sociedade. No paganismo clássico, embora às vezes controverso, o aborto (como a eutanásia) eram comum e amplamente aprovado. Os médicos antigos que faziam o juramento de Hipócrates, cuja visão médica era movida pelo desejo de salvar a vida, e não tirá-la, estavam nadando contra a corrente. Foi a igreja de Jesus cristo que percorreu o mundo romano com um grande movimento em favor da vida, estabelecendo padrões na medicina, na cultura e nas políticas públicas, que ainda condicionam a mentalidade da fragmentada cristandade do século XXI.

Os leitores que buscam aborto em um índice remissivo provavelmente não encontrarão, e como resultado os crentes sugeriram que as Escrituras fazem silêncio sobre o assunto e, portanto, podemos agir como quisermos. Essa conclusão depende de alguns sérios equívocos. Os fundamentos bíblicos de uma ampla proibição ao aborto provocado são profundos, nas doutrinas da criação e encarnação.

O ponto de partida para um entendimento bíblico da natureza humana é a verdade de que seres humanos são criados à imagem de Deus. Está claro, com base em Gênesis 1.26,27, que isso se aplica a todos os que são membros da espécie humana. O Homo Sapiens é diferente de todos os outros "tipos", pelo fato de que trazemos a semelhança com o nosso Criador. Está escrito especificamente que a imagem foi transmitida às mulheres, bem como aos homens, e que permaneceu depois da queda (Gn 9.6). Tal acontecimento se aplica  a judeus e gentios, religiosos e irreligiosos, jovens e velhos, os que estão no auge da capacidade humana, bem como os doentes e incapacitados. A imago Dei é o que nos torna os seres que somos, e existe onde quer que haja membros da nossa espécie e, portanto, é genética.

Enquanto questões extraordinariamente difíceis são propostas pela perspectiva de híbridos de humanos e animais (e, talvez, robôs humanóides), a questão aqui é simples. Se alguém é membro da espécie humana, esta pessoa traz a imagem divina. Portanto, a sua vida é sagrada. Com esta única admissão, encontramos a base para a bioética bíblica, bem como respostas imediatas a muitas das mais incômodas perguntas na medicina e biociência contemporâneas. Ela fornece uma resposta direta à questão do aborto provocado, uma vez que o mandamento "Não matarás" (Ex 20.13), se aplica a todos os seres humanos desde o princípio da vida até o seu fim. E este mandamento está explicitamente enraizado no fato de que somos criados conforme a imagem divina (Gn 9.6), no contexto irônico da instituição da pena de morte: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem".

Este princípio da espécie é de fundamental importância para o debate sobre embriões humanos, uma vez que cientistas desenvolveram técnicas usando fertilização in vitro e clonagem, tornando possível o uso de embriões para pesquisas destrutivas. A posição da bíblia é inequívoca: os que fazem parte da espécie, feitos conforme a imagem divina, não devem ser assassinados.



O segundo fundamento está na doutrina da encarnação. Para ilustrar este princípio da criação da espécie conforme a imagem, na sua encarnação, o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da trindade, assumiu a forma humana, e o fez a partir do princípio da usa existência biológica humana, e o fez a partir do princípio da sua existência biológica humana. Quando, no "sexto mês" (Lc 1.36, uma referência não ao calendário, mas ao avançado estágio da gravidez de sua prima Izabel), o anjo disse a Maria que ela conceberia através de um milagre, teve início a vida humana do Filho de Deus. Pouco tempo depois, Maria visitou Isabel, e nós vemos o primeiro testemunho de João Batista a seu parente e Senhor, como um feto de seis meses no útero de sua mãe, diante da presença do embrião de Jesus, com poucos dias de idade (LC 1.39-45).

Diante dessas declarações teológicas básicas, as muitas referências incidentais à vida ainda não nascida no Antigo Testamento - nos profetas, em Jó, e particularmente nos Salmos - assumem um forte significado (por exemplo, Sl 139.13 e os versos seguintes).

O único texto bíblico que às vezes é oferecido como uma refutação é Êxodo 21.22 e os versos seguintes, passagem que se refere à punição apropriada a ser aplicada se os homens, durante combate, acidentalmente atingissem uma mulher e levassem-na a abortar. Há traduções diferentes da passagem, no entanto, isso não tem relevância para o debate sobre o aborto deliberado, uma vez que se refere ao homicídio involuntário de um filho não nascido, e não a um homicídio deliberado.

Nigel Cameron

Fonte: Bíblia de Estudo - Defesa da Fé - CPAD - págs. 987 e 988


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