Minha jornada espiritual
Watchman Nee
Um testemunho do irmão Nee.
Em sua primeira carta aos Coríntios,
o apóstolo Paulo escreveu: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos
o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria.
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
Este mesmo espírito sombreou a vida de Watchman Nee. Desde seus primeiros anos
como cristão ele abraçou a cruz de Cristo e proclamou o Cristo da cruz. Nunca
moveu para fora esse fundamento através de todos os seus muitos anos de fiel
ministério.
Apesar de ainda jovem no Senhor, a
ele muito foi dado porque ele muito amou. Seu primeiro amor para com o Senhor
era puro e caloroso, e sua apreensão da verdade, firme e sólida.
Não tendo ainda passado dois anos
após sua conversão, Watchman Nee escreveu esse testemunho, o qual foi publicado
na revista Spiritual Light, em dezembro de 1921.
Uma vez habitei “nas tendas da
perversidade” (Sl 84:10), andei “segundo o curso deste mundo, segundo o
príncipe da potestade do ar, e do espírito que agora atua nos filhos da
desobediência” (Ef 2:2), eu vivi “segundo as inclinações da [minha]
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e [era] por natureza
[filho] da ira, como também os demais” (Ef 2:3).
Então ouvi “a Jesus, o Filho de
Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus” (Hb 4:14) que
está construindo uma morada para mim, pois “na casa de meu Pai”, Ele disse, “há
muitas moradas” (Jo 14:2).
Uma vez eu estive completamente
desesperado, exatamente “como escrito: Não há justo, nem sequer um, não há quem
busque a Deus; todos se extraviaram, e à uma se fizeram inúteis; não há quem
faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a
língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm
cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue,
nos seus caminhos há destruição e miséria, desconhecem o caminho da paz. Não há
temor de Deus diante de seus olhos. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz para
os que vivem na lei o diz, para que se cale toda a boca, e todo o mundo seja
culpável perante Deus” (Rm 3:10-19). Fiz, então, uma investigação:
“Jesus lhes perguntou: Credes que eu posso fazer isso? Responderam-lhe: sim,
Senhor” (Mt 9:28).
Agora eu ando como tendo sido
depurado do “velho fermento, para que [fosse] nova massa, como [sou] de fato
sem fermento. Pois também Cristo, [meu] Cordeiro pascal, foi imolado” (I Co
5:7). Eu “[recebi] o dom do Espírito Santo” (At 2:38) que habita
dentro de mim.
Hoje eu percorro “o caminho, e a
verdade, e a vida” (Jo 14:6). Agora vejo a Deus, pois “Quem me vê a
mim”, disse Jesus, “vê o Pai” (Jo 14:19).
Finalmente encontrei a casa que
havia a tanto procurado – “da parte de Deus um edifício, casa não feita por
mãos, eterna, nos céus” (I Co 5:1). Esta casa tem somente uma porta,
pois vejo que “se alguém entrar por mim”, declarou Jesus, “será salvo” (Jo
10:9). Agora eu compreendo a verdade da declaração de Jesus: “batei e
abrir-se-vos-á” (Mt 7:7).
A casa em que hoje eu vivo,
possui um quarto de música – “Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o
coração dos que buscam o Senhor. Buscai o Senhor e o seu poder; buscai
perpetuamente a sua presença” (Sl 105:3-4). Possui um aposento para
conversação – onde eu devo orar “sem cessar” (I Ts 5:17). Tem, da mesma
forma, um quarto de leitura – para examinar “as Escrituras todos os dias para
ver se as cousas eram de fato assim” (At 17:11). Tem um salão para
preleções – “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos,
salvar alguns” (I Co 9:22). Meu quarto, para finalizar, é “o peito de
Jesus” (Jo 13:25). Minha atual residência é onde “estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vivem em mim; e esse viver
que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20-21). Meu endereço é os “lugares
celestiais” (Ef 2:6). Sempre que você me visitar no espírito de “feliz o
homem que me dá ouvidos [isto é, ouve a Sabedoria, que é Cristo], velando dia a
dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada” (Pv 8:34),
você encontrará não apenas a mim, mas também os santos meus companheiro. Dê
ouvidos ao que o servo diz: Vinde, porque tudo já está preparado” (Lc 14:17).
Então “nós, os vivos, os que
ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I
Ts 4:17). Depois de serem cumpridas estas palavras, eu terei meu lar onde
“vi também tronos, e nestes sentaram-se… Vi ainda a alma dos decapitados por
causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos
quantos não adoraram a besta, nem tão pouco a sua imagem, e nem receberam a
marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os
restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é
a primeira ressurreição. Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na
primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade: pelo
contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil anos”
(Ap 20:4-6). E o cântico que entoarei será “… um novo cântico, dizendo:
Digno és de tomar o livro e de abrir-lhes os selos, porque foste morto e com o
teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e
nação” (Ap 5:9).
Não muito depois, juntamente com
meus amados mudarei para “um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a
primeira terra passaram e o mar já não existe” (Ap 21:1). Pois “segundo
a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II
Pe 3:13).
“E assim,” nessa ocasião, a
palavra – “se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas velhas já
passaram; eis que se fizeram novas” – será plenamente realizada, e de forma
gloriosa experimentarei a verdade desta palavra: “Alegrai-vos sempre no Senhor;
outra vez digo alegrai-vos” (Fl 4:4).
Da mesma forma os santos do
passado fizeram sua jornada espiritual. No entanto, estas linhas também
representam o que eu mesmo tenho experimentado e ardentemente espero. Na
verdade, ao escrever esta última parte, eu me encontrava com lágrimas de
regozijo. Suponho, porém, que você, que é salvo, possui o mesmo sentimento em
relação à volta do Senhor Jesus. Aqueles que são lavados pelo sangue de Jesus
são, naturalmente, otimistas para com a vida. Mas, onde você, que não possui a
segurança de estar salvo, passará a morte eterna? Por favor, considere este
assunto.
Extraído da revista À
Maturidade, número 28 – Outono de 1996
Nenhum comentário:
Postar um comentário