sexta-feira, 27 de maio de 2011

Parte do corpo místico



Parte do corpo místico


A IGREJA sobreviverá ao universo; nela a pessoa individual sobreviverá ao universo. Tudo o que estiver ligado ao cabeça imortal compartilhará a sua imortalidade. Ouvimos pouco sobre isso nos púlpitos cristãos atuais. [...] Se nós não acreditamos nisso, vamos ser honestos e relegar a fé cristã aos museus. Se acreditarmos, vamos desistir da pretensão de que isso não faz diferença, pois essa é a verdadeira resposta a todo o questionamento feito pela coletividade. O universo é mortal; nós devemos viver para sempre. Virá um tempo em que toda cultura, instituição, nação, raça humana e vida biológica serão extintas, mas cada um de nós continuará vivo. A imortalidade foi prometida para nós e não para tais generalidades. Não foi para sociedades ou estados que Cristo morreu, mas para o homem. Nesse sentido, o cristianismo parece envolver as coletividades secularistas em uma afirmação quase frenética da individualidade. Mas, além disso, não é o indivíduo em si que compartilhará a vitória de Cristo sobre a morte. Nós devemos tentar compartilhar a vitória estando no “vitorioso”. Uma rejeição, ou, na linguagem forte das Escrituras, uma crucificação do eu natural, é o passaporte para a vida eterna. Nada que não tenha morrido vai ser ressuscitado. [...] Aqui está a ambiguidade enlouquecedora da fé como ela deve parecer para os de fora. Ela oferece a face implacavelmente contra o nosso individualismo natural. Por outro lado, traz de volta para aqueles que abandonam o individualismo uma posse eterna do seu ser pessoal, até mesmo dos seus corpos. Como meras entidades biológicas, cada uma com a sua vontade de viver separada e expandindo, aparentemente não valemos nada; não passamos de pó. Mas como membros do corpo de Cristo, como pedras e pilares do templo, temos a certeza da nossa própria identidade eterna e devemos viver para nos lembrar das galáxia como uma lenda antiga.

C S Lewis – Peso da Glória

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