quinta-feira, 20 de maio de 2010

A carne, como Deus a vê

Nós, os cristãos, devemos nos lembrar, mais uma vez, do que Deus pensa sobre a carne. O Senhor Jesus diz que “a carne para nada aproveita” (Jô 6.63). Tanto o pecado da carne, como a justiça dela, são inúteis. O que é nascido da carne, seja quem for, é carne, e jamais deixará de o ser. Tanto a carne no púlpito, nos ouvintes, na oração, na consagração, na leitura da bíblia, no cântico de hinos, ou fazendo o bem – nada disso aproveita, diz o Senhor. Os crentes podem vangloriar-se na carne. Entretanto Deus diz que todas as suas obras são inúteis. Isso porque a carne não é útil à vida espiritual, nem pode cumprir a justiça de Deus. Vejamos algumas observações a respeito da carne, feitas pelo Senhor, por meio do apóstolo Paulo, na carta aos Romanos.

  1. “O pendor da carne dá para a morte.” (8.6). De acordo com o ponto de vista de Deus, existe morte espiritual na carne. A única maneira de escapar é entregá-la à cruz. A respeito de ela ter a capacidade de praticar o bem, ou de elaborar planos visando a obter a aprovação dos homens, Deus pronunciou uma única sentença sobre a carne: morte.
  2. “O pendor da carne é inimizade contra Deus.” (8.7). Ela se opõe a Deus. Não existe a menor possibilidade de uma coexistência pacífica. Isso é fato não só com relação aos pecados que brotam da carne, mas também às suas ações e pensamentos mais elevados. Os pecados que maculam o homem obviamente são hostis ao Senhor. E é importante observar que podemos praticar atos de justiça fora da dependência de Deus.
  3. “Pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” (8.7). Quanto melhor for o trabalho da carne, mais longe de Deus ela se encontrará. Quantas das pessoas “boas” desejam crer no Senhor Jesus? Sua justiça própria não é justiça nenhuma; na verdade, é injustiça. Ninguém jamais poderá obedecer a todos os ensinamentos da bíblia. Uma pessoa pode até ser boa; uma coisa, porém, é certa: ela não se submete à lei de Deus. Se for má, ela transgride a lei. Se for boa, ela estabelece uma justiça própria, sem Cristo, anulando, assim, o propósito da lei (“pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” {Rm 3.20}).
  4. “Os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (8.8). Esse é o veredicto final. Por mais qualidades boas que um homem tenha, nada do que ele faz, se provém dele mesmo, pode agradar ao Senhor. Deus só tem prazer em seu Filho. Fora de Cristo e de sua obra, nada pode lhe agradar. O que realizamos pela carne pode até parecer muito bom. Todavia, como procede do ego e é realizado na força natural, não satisfaz a deus. O homem pode inventar as mais variadas maneiras de fazer o bem, de melhorar e se aperfeiçoar. Entretanto nem uma delas, por ser carnal, pode agradar ao Senhor. E isso não se aplica apenas aos incrédulos. Vale, também, para os crentes. Mesmo que nossas obras sejam recomendáveis e eficientes, se realizadas com as próprias forças, não obtêm a aprovação divina. Deus se agrada ou se desagrada de algo não pela sua natureza, isto é, se é bom ou mau, mas pela sua procedência. Uma ação pode ser em extremo correta, não obstante Deus quer saber qual a sua origem.

Dessas referências das Escrituras, podemos ver como são inúteis os esforços da carne. Depois que o crente passar a entender que a carne não tem valor diante de Deus, não mais errará com facilidade. Nós, os seres humanos, classificamos todos os atos como bons ou maus. Deus, no entanto, vai à origem deles, e os classifica de acordo com a fonte de cada um. Até os feitos mais excelentes da carne provocam o mesmo descontentamento divino que os pecados mais vis e ímpios, pois tudo é da carne. Deus abomina a justiça própria da mesma maneira que a injustiça. Para Ele, as boas ações que praticamos naturalmente, sem necessidade de regeneração, de união com Cristo ou de dependência do Espírito Santo, não são menos carnais do que a imoralidade, a impureza, a licenciosidade, e outras. Mesmo que as atividades do homem sejam excelentes, se não nascerem de uma completa confiança no Espírito Santo, são carnais e, portanto, Deus as rejeita. Ele se opõe a tudo que pertence à carne, rejeitando e odiando, independentemente de sua aparência exterior, ou de ter sido praticado por um crente ou um pecador. O veredicto é: a carne deve morrer.

(Watchman Nee – O Homem Espiritual – pags 146-148)

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